Enquanto a população clama por respeito ao meio ambiente e por medidas urgentes de saneamento básico, o esgoto de São José de Piranhas continua sendo despejado diretamente no Açude de Boqueirão, um dos principais mananciais do Sertão paraibano. Após uma declaração do deputado estadual Chico Mendes, durante entrevista ao Podcast do Silvano Dias, que tal sistema de esgotamento estava pronto, gerou muita revolta entre ambientalistas e moradores.
Apesar de sucessivas promessas, anúncios políticos e conclusão das obras, a realidade permanece a mesma: o esgoto cru segue poluindo um reservatório essencial para o abastecimento de várias cidades da região. "Infelizmente, a estrutura não ficará pronta a tempo e o esgoto continuará caindo no Boqueirão por mais algum tempo", declarou o deputado, sem apresentar um prazo concreto para a conclusão da obra.
A declaração, tratada com normalidade pelo parlamentar, escancara o descaso com o meio ambiente e a saúde pública. Por anos, especialistas alertaram sobre o risco de contaminação, a degradação do ecossistema local e o impacto direto na qualidade da água consumida pela população. Ainda assim, o problema se arrasta, empurrado com a barriga pelas gestões públicas.
A omissão é ainda mais grave diante da escassez hídrica que afeta o Alto Sertão da Paraíba, onde cada gota de água tem valor inestimável. A continuidade do despejo de esgoto no açude compromete não apenas o presente, mas o futuro do abastecimento da região.
Enquanto a propaganda política exibe promessas de desenvolvimento e infraestrutura, a realidade escorre pelos canos — literalmente — e deságua em um açude ameaçado pela negligência. A pergunta que fica é: até quando a população sertaneja será obrigada a conviver com esse descaso?
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